Fim-de-semana em Porto Alegre, o principal clube de xadrez do estado organiza mais um grande evento.
Primeira rodada, começa a guerra no panteão, todos em busca da imortalidade que o triunfo neste certame proporcionará. Dos dez favoritos somente um tropeça. Prometeu, um azarão que descera do Olimpo exclusivamente para o evento, surpreende Orfeu, que completamente acuado ainda consegue arrancar um empate e, apesar de cambalear, permanece vivo na disputa.
Segunda rodada, Diana, com seus 11 anos, dá um sufoco no experiente Hermes, que aos 49 anos só conseguiu vencer por sua tarimba em finais, escapando por pouco, muito pouco, pouquíssimo.
Terceira rodada, Héracles, do alto de seus 77 anos, após uma batalha feroz, derrota Perseu, que no vigor dos 30 anos sucumbiu à força da experiência. Ainda nessa épica jornada, os irmãos Dióscuros brilharam, Póllux extraordinariamente reverte uma batalha que parecia estar perdida e acaba com as esperanças de Teseu conquistar o torneio; e seu irmão Castor, qual um guerreiro indômito, supera as dificuldades no jogo e comprova que o xadrez não tem barreiras, conseguindo a proeza de vencer Oráculo, que não vê mas enxerga muito longe.
Quarta rodada, Oráculo prova que não se abateu com a derrota para um dos Dióscuros e numa batalha feroz, com vários entreveros, triunfa consistentemente sobre Héracles. Restaram para a batalha final somente Chronus e Zeus, todos os outros iriam apenas assistir qual destes mitos alcançaria a glória. Mas a disputa por escalões intermediários pronunciava-se brutal.
Quinta rodada, Zeus, que não conhecera sequer o leve amargor de um empate, confirma seu favoritismo e com lances geniais derrota Chronus, que até então fizera um campeonato impecável e lutou como um titã.
E mais um torneio de xadrez finaliza, uma guerra sem mortos nem feridos, onde a diversidade e o cavalheirismo imperam e, no tabuleiro, a mentira não tem vez.
Do filme Jason e os Argonautas
Ernesto Serra Azul