XADREZ
Luis Alberto Passos Presa
Porto Alegre, 1975. Tinha 18 anos.
Trabalhava na Varig como eletricista de aviões. Estudava à noite. Iniciei no xadrez
com meu pai em 1972, na época do match
Fischer X Spassky pelo título mundial. Vi no jornal Correio do Povo na coluna
de Italo Travi o endereço do Xadrez Clube. Associei-me. Frequentava
principalmente aos sábados.
Na cantina ficava o Sr. Breno: -
telefone! Depois foi a Dona Norma por muitos anos. Fui bem recebido. Frequentavam
Menna Barreto, Luiz Ney, Rogério Becker, Tadeu, Crespo, Licurgo, Everard, Armínio,
Schwartz, Itamar,Torres, Pfeiffer, Plínio, Calatayud, Moura, Serpa, Trois,
Serginho, Assis e muitas outras ilustres personalidades.
Havia camaradagem, cultura geral,
bom humor. Rui (andru; vai de à cavalo; deu-se a melosa; ataca por trás o rei
do rapaz). Frisina, Hugo, Ilha, Ferreirinha, Paulinho, Carlos, o eterno
tesoureiro Honório, Egon, Rotta, Mozart, a turma da janela, a turma do meio, a
turma dos sábados, Aron, Barbosa, Marcio, Schossler, Kajiwara, Terra, Benevenga,
Paulo Sergio, Jacinto, Walter, Zimmer, Miguel, Samuel, Jean Noble, Freiberger!
E muitos outros que não lembro o nome. Às vezes havia chopp após o encerramento
das atividades enxadrísticas do Edifício Mercúrio, 10º andar.
Estudava Psicologia na PUCRS. Formei-me
em 1987. Em 1988 fui campeão da categoria “A”. Nessa época houve a festa de 50
anos do MXC.
Tinha consultório no centro de
Porto Alegre. Em 1990 mudei-me para Manaus onde resido atualmente. Fundamos o
Curso de Psicologia da UFAM. Cursei Mestrado na UFRGS e Doutorado na USP.
Se tivesse me dedicado ao xadrez
hoje não teria a titulação acadêmica que gera renda e qualidade de vida. Muitos
talentosos colegas enxadristas vivem em difícil situação financeira, haja vista
que o xadrez no Brasil é pouco valorizado como profissão.
Sou grato pelo que aprendi com os
colegas enxadristas frequentando o MXC. Continuarei aparecendo eventualmente!
Porque “o Xadrez é imortal”. Continuo
“mexendo as peças” quando possível, como ginástica mental. E incentivando os
jovens.
Enfatizo minha admiração àqueles
que mantêm o MXC funcionando desde 1937, coisa nada fácil com a concorrência da
Internet. O xadrez presencial não desaparecerá enquanto houver enxadristas amparados
por um grupo de abnegados como a atual Diretoria presidida pelo Coronel Waldir
Rabuske.
Manaus,
2019